Estava o leitor navegando feliz e empolgado pelo conteúdo, até então muito interessante, quando, pop! surge a caixinha do mal, aquela que mostra as ofertas mais perfeitas para você, e às vezes traz até o bônus do redirecionamento automático, pra deixar ainda mais divertido! Esta é uma boa forma de ilustrar o Marketing de Interrupção, estratégia utilizada para forçar – literalmente – o usuário a admirar aquela bela – e cara – campanha elaborada pela sua agência, na expectativa de triplicar seu volume de vendas! (Maah ôeeee!)

Apesar do tom “engraçadinho”, o parágrafo anterior faz referência a uma estratégia real, ainda aplicada por muitas empresas, mas antes de pensar que julgo tal metodologia como algo absurdo, ou algum tipo de “pecado capital” no mundo do Marketing do futuro, com seus Ps infinitos, saiba que eu mesmo a aplico em minhas campanhas, ainda que em uma escala cuidadosamente calculada. O foco aqui, está em como você empreendedor pode ser levado a crer,  de maneira oportunista, que é inteligente construir a base da sua comunicação sendo inconveniente com o público.

A cada conversa com um novo cliente que deseja investir em comunicação, seja em redes sociais, ou de forma ampla, busco enfatizar a importância do compromisso com as necessidades reais do público, tanto no produto central, quanto na abordagem e comunicação através dos canais escolhidos, na maioria dos casos, priorizando a qualidade da mensagem em relação a frequência. Certamente, a essa altura percebo que o cliente se encontra em uma batalha mental, comparando minha proposta de poucas interações semanais em suas redes sociais, com alguma outra recheada por dezenas, afinal, o mercado tenta lhe vender a qualquer custo uma ideia de “massificação da marca”.

Compreendo a abordagem desse cenário como algo tão importante para o anunciante, quanto para o cliente e profissionais de comunicação, já que estes também se valorizam com a qualidade da resposta à demanda do público, que por sua vez promove a valorização da atividade. O público se torna cada vez mais consciente e seletivo, diante da enorme quantidade de informações às quais tem acesso diariamente, transformando toda aquela comunicação não alinhada à sua nova realidade em um grande ruído. É importante criar a consciência de que ao almejar construir uma marca forte e desejada, deve-se considerar princípios básicos, como não “poluir” os canais de comunicação por onde o público transita, exatamente da mesma forma como não pichamos os seus muros com nossas marcas, apenas para “fixar a imagem”. Há limites entre a inconveniência e uma boa apresentação.

Estabelecer uma boa comunicação com o público requer uma dose de sacrifício, principalmente em tempos onde “dar um google” vai mostrar que aquele seu conteúdo, não é, digamos… de sua autoria! É necessário ter a consciência do quão séria é a decisão de abordar o público em um ambiente literalmente social, ou em outras palavras, é preciso priorizar a construção de um relacionamento real, fundamentado na satisfação da demanda que o consumidor lança ao mercado, ainda que esta não leve diretamente à decisão de compra.

Se você leu o artigo até aqui, é bem provável que já tenha ouvido em algum lugar a máxima de que “menos é mais”, porém, eu gostaria de convidar você a avaliar um novo pensar, sobre “fazer mais, com o mínimo”. Para entender tal proposta, tente responder a uma pergunta simples: Quantas vezes em um dia normal, seu foco muda de um assunto para outro como se escolhesse o mais agradável, ou aquele que apresenta menor complexidade? Se a sua resposta for um firme “quase nunca!”, parabéns, você merece uma medalha por sua atenção inabalável! Caso contrário, não fique triste, afinal você estará mais perto de compreender o motivo pelo qual sua marca precisa apresentar uma comunicação clara, breve e principalmente carregada com uma mensagem útil ao público.

Dentro da proposta aqui apresentada, cabe a indicação do segundo episódio da série Black Mirror, disponível na Netflix, que faz uma referência à maneira como o Marketing de Interrupção pode soar, exemplificando o impacto da sua estratégia de comunicação nas vidas do público-alvo, amplificada pelo cenário de um futuro fictício hyperconectado, controlado pela alta tecnologia.

Episódio recomendado: Black Mirror – T1:E2 – Quinze milhões de méritos. Classificação 16 anos.

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