Imagine uma marca global, com mais de um século de tradição, milhares de clientes fiéis, líder absoluta no mercado, mais de 120 vezes premiada por excelência. Agora complete o cenário com outra marca com menos da metade do tempo de vida da primeira, um humilde histórico com pouco mais de 10 prêmios por excelência, e um história marcada por uma trágica perda no mercado.

Apesar de viverem duas realidades bem diferentes, as marcas projetadas atuam no mesmo segmento, ainda que em praças e níveis diferentes. Assim é o mercado, de fato, há espaço para consumidores de ambas as marcas, e eventualmente, independente das proporções da batalha proposta, estas poderão vir a se enfrentar de forma direta ou indireta. Apesar de seus padrões e normas de regulamentação, na prática, o mercado não costuma se importar com a quantidade de sangue a ser derramada no oceano azul, nas batalhas entre peixes e tubarões.

Como você já imagina, os exemplos anteriores traçam um paralelo com o embate entre Barcelona Chapecoense na disputa pelo Troféu Joan Gamper, e o mundo dos negócios, onde marcas de diferentes portes competem diariamente pela nobre posição na mente do consumidor.

Ainda que tenha (supostamente) saído de campo com uma derrota, e um placar de 5 x 0, é inegável que a “Chape” tenha vivido a oportunidade valiosíssima de participar de um confronto direto com a gigante que lidera o segmento, testando à exaustão cada fundamento, avaliando sua resiliência através do desempenho de alto nível do oponente, e mapeando seu produto através da comparação com uma das maiores referência de qualidade no mercado.

Aos olhos desatentos, é provável que tal batalha seja percebida como desigual ou injusta, contudo, observando com mais atenção percebe-se facilmente que o confronto com o líder trará grande aprendizado, agindo como um catalizador para ajustes que viabilizem resultados positivos, ainda que seja praticamente impossível deixar o campo com uma vitória em números absolutos. Neste caso, o “derrotado” levará mais conhecimento e aprendizado que aquele intitulado vitorioso.

Mesmo a derrota torna-se algo relativo, quando comparado o resultado da Chape a uma batalha anterior, onde em seu lugar, o Barcelona era enfrentado pelo Santos, outra marca sensivelmente maior do segmento, com mais de 100 anos de história, aproximadamente 50 títulos, e que mesmo assim não foi capaz de evitar um resultado 60% inferior, saindo de campo com o amargo resultado de 8 x 0 contra si.

Mesmo encarando uma batalha contra o gigante do segmento, a brava Chape deteve 33% da posse de bola, em uma atuação onde cometeu 50% menos faltas que seu adversário, com 20% menos erros de passes, além de atestar a competência de seu goleiro com a defesa de um pênalti. Tais números seriam ainda mais espantosos, se considerado o tempo de recuperação do impacto moral causado pela perda de quase todos os integrantes há menos de 12 meses.

Como moral da história, fica o aprendizado de que no mundo dos negócios, bem como nos esportes, um combate no qual você é capaz de resistir independente do resultado, poderá torna-lo mais consciente, e quando vivido com inteligência pode ser encarado como uma valiosa chance para um benchmarking sobre a atuação de um adversário que lidera seu segmento. Jamais menospreze a chance de conhecer a si mesmo através dos resultados de uma grande batalha, se pode sobreviver, certamente levará conhecimento na bagagem.

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